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quarta-feira, 3 de abril de 2013

Uma grande perda na Moda

Com a notícia da morte da estilista Clô Orozco aos 62 anos, na manhã desta última quinta-feira (28), estilistas, empresários e editores de moda manifestaram choque e tristeza nas redes sociais. Dona das marcas Huis Clos e Maria Garcia, a estilista foi um dos principais nomes da moda contemporânea nacional por suas criações marcadas pelo minimalismo e arquitetura.
Nos últimos anos, as grifes de Clô passavam por dificuldades financeiras, motivo pelo qual teriam fechado algumas lojas e deixado de participar das edições mais recentes do São Paulo Fashion Week. "Neste momento, é inapropriado falar sobre as causas, pois ainda não temos mais detalhes", informou sua assessoria de imprensa. A estilista foi encontrada morta nesta manhã, em frente ao prédio onde morava no bairro de Higienópolis, em São Paulo. Segundo o Corpo de Bombeiros, uma viatura foi deslocada até o local, mas o atendimento foi efetuado pelo SAMU, que constatou o falecimento.
Leia abaixo o que figuras importantes da moda disseram sobre Clô Orozco, outros nomes como a empresária Costanza Pascolato estão abalados demais para se manifestar.
"Estou tão perplexa. A Clô foi uma mulher extremamente bonita e sensível, uma estilista de respeito. A moda perde uma das pessoas que conseguia fazer uma das melhores passarelas do Brasil. Sinto muito que tenha sido de uma maneira tão trágica. Ela passava por uma fase difícil, assim como a moda brasileira está em um momento muito difícil, com esse 'pool' de moda estrangeira invadindo o Brasil. Para as pessoas que fabricam roupa aqui, é um baque. Não dá para competir com quem compra na China e na Índia", disse a veterana crítica de moda Regina Guerreiro, em entrevista ao UOL.
"Estou meio em choque, boba ainda. Não assimilei isso. A Clô era uma pessoa que pensava e vivia elegantemente, e isso ela transferiu com muita propriedade para a moda. Tudo o que ela fazia era uma verdadeira arquitetura de tecidos, tudo de bom gosto, de toque exclusivo e fino, como ela era. A moda da Clô era um reflexo do que ela foi. Para a moda e para os amigos, foi uma perda irreparável", disse de Milão a amiga e cliente fiel Marília Gabriela, em entrevista ao UOL com voz bastante abalada.
"Conheci a Clô em 1978, quando tínhamos ateliê no mesmo prédio, na rua Hungria. Depois, fizemos parte do Núcleo Paulista de Moda. Muito talentosa, uma mulher extremamente racional, dedicada, com visão empresarial e uma excelente diretora criativa. Sempre ia a jantares em seu apartamento, onde ela mesma cozinhava com primor, um refinamento único. Uma mulher que jamais conseguiria viver sem a beleza, a arte e a excelência", lembrou a estilista Gloria Coelho, por meio de sua assessoria de imprensa.

História da Clô: 
A estilista Clotilde Maria Orozco de García, conhecida como Clô Orozco, 60, cursou faculdade de sociologia e política, tinha aulas de teatro e por hobby confeccionava peças hippies, que logo se popularizaram entre os colegas. Ela aprendeu a costurar no ateliê de sua tia, na rua Augusta, região central de São Paulo, e, em 1977, fundou a Huis Clos.
O nome da marca é uma referência à peça do filósofo Jean-Paul Sartre, que influenciou os jovens dos anos 1970. A empresa conta atulmente com 200 funcionários, três lojas próprias em São Paulo e está presente em 25 pontos de venda pelo Brasil.
A marca começou a mostrar suas coleções em 1996, na programação do Morumbi Fashion e, posteriormente, do SPFW, onde desfilou de 2004 a 2012. Quando a Huis Clos completou 30 anos, a estilista Sara Kawasaki passou a ser responsável pela direção criativa, enquanto Clô se manteve na direção-geral.
Além da Huis Clos, marca caracterizada pelo cuidado no acabamento e nas construções "clean" em tecidos sofisticados, a estilista ainda tinha a Maria Garcia, de moda jovem, a Clô Orozco, com roupas de festa, e a Vírgula, que propunha coleções de roupas para descansar.